1 de dezembro, 1º Transparência Hackday em LisboaDecember 1st Dezembro, 1st Transparência Hackday in Lisbon

por Ana

1 de dezembro, 1º Transparência Hackday em LisboaDecember 1st Dezembro, 1st Transparência Hackday in Lisbon

O Hackday de 1 de Dezembro aconteceu em Lisboa, na MOB. Foi a primeira vez que o Transparência rumou a outra cidade do país para organizar uma sessão de meter as mãos na massa e brincar com dados abertos. Em Outubro parte do coletivo participou no Cidadania 2.0, uma conferência anual sobre iniciativa cidadã. O interesse gerado foi a faísca que aqui nos trouxe.

Chegámos às duas e começamos por preparar o espaço: rearranjar as cadeiras num círculo acolhedor, extensões e triplas com fartura, um router extra, cortesia da Unimos, e café. Às três, com um grupo de vinte pessoas — um recorde de participação! —, começamos. Primeiro de tudo uma introdução ao coletivo: quando começamos, porquê, metodologias de trabalho e projetos desenvolvidos.

As metodologias de trabalho merecem aqui um destaque, cristalizam a sabedoria de dois anos de Transparência Hackday. Pormenores e regras que fomos estabelecendo para tornar os hackdays mais divertidos e produtivos. Aqui ficam as principais, em modo de lista:

  • Durante os hackdays e hackathons não se discute política.
  • Não reinventar a roda de cada vez que começamos um projeto. Há que usar e abusar das ferramentas que já existem e construir em cima delas (o conhecido lema Standingon theshouldersofgiants).
  • Falar menos e fazer mais. Todos temos ideias e opiniões, os hackdays são a altura de as pôr em prática, sujar as mãos e testar se funcionam ou não.
  • Lançar cedo e lançar regularmente. Referência à célebre frase de Linus Torvald, Release early, release often, que se tornou uma máxima no desenvolvimento de Software Livre.
  • Se há uma porta aberta, corre. Se encontraste um dataset interessante ou fizeste um scraper aproveita para sacar toda a informação. Nunca se sabe por quanto tempo a porta continuará aberta (tirada do texto 10 Rules for Radical's).

Postas as cartas na mesa fizemos uma ronda de apresentações. Descobrimos que tínhamos uma mistura equilibrada de pessoas com formação em áreas diferentes, desde a engenharia informática às ciências sociais, ciências políticas, arquitetura, design, marketing e engenharia biomédica.Daqui partimos para o primeiro exercício prático, divisão em grupos pequenos para fazer brainstorm de ideias feito. Para cada ideia escrever uma frase de descrição eu uma frase com o próximo passo a tomar para a concretizar. Para ajudar lançamos alguns temas para a mesa:

  • Ferramentas para reduzir a distância entre cidadãos e representantes: facilitar o contacto com a informação que interessa, incentivar os contributos cidadãos para os processos de decisão, orçamentos participativos...
  • Ferramentas para reviver o hiperlocal: reforçar a comunidade e as redes locais ao nível de freguesias e bairros.
  • Ferramentas para ver o dinheiro: orçamento de Estado, orçamento local, ajustes diretos, setores específicos da economia, impostos, preços dos combustíveis...
  • Libertar a informação que falta: onde podemos encontrar informação pública que precisa de ser re-publicada em formatos abertos?
  • Divulgar, evangelizar, sustentar: como dar mais energia a projetos open data? Que entidades providenciam apoio? Que táticas podemos seguir para dinamizar o eco-sistema da informação pública?

Meia hora depois juntamos-nos todos de novo, no grande círculo, para contar as ideias. O Ricardo falou da ideia do Siglapedia, um repositório simples de siglas. Alguém propôs logo com um nome mais lusitano para a ferramenta, Siglário.

O Miguel sugeriu um mapa das praias de bandeira azul e infografias sobre o orçamento das campanhas autárquica, quanto é investido, como é distribuído entre partidos, candidatos e zonas do país.

O Eduardo e o João lançaram a ideia para uma plataforma que incentivasse à ação: um mapa para marcar locais/situações que precisam de intervenção, cada ponto do mapa estaria ligado a uma página de wiki onde seria detalhado o plano de intervenção. "Algo está mal!" apareceu como proposta para nome do projeto e alguém referiu às Local Wikis como ponto de partida ou inspiração. (Entretanto alguém colocou no fórum um link para aLocal Wiki do Porto!)

A Bianca, voluntária do coletivo Habita, quer criar uma plataforma de ajuda às pessoas que perderam ou estão em risco de perder a casa por causa das hipotecas. A inspiração vem de Espanha, da Plataforma de Afectados por la Hipoteca-PAH.

A Patrícia tinha duas ideias. Uma que já vinha de trás, de fazer um diretório de plataformas de incentivo à cidadania. Outra que apareceu na hora, criar um site de apoio a quem quer montar um projeto mas não tem conhecimentos sobre as ferramentas existentes e sobre como usá-las. Esta segunda ideia começou rapidamente a ganhar forma, uma lista de ferramentas e plataformas com descrições, prós e contras, casos de uso com sucesso... e uma checklist, em linguagem direta e informal. Um exemplo: O teu projeto é controverso? Sim, então é melhor optar por alojamento próprio!

A Mafalda queria arranjar uma forma de promover e proteger as hortas urbanas em Chelas. A maioria das que lá existem são feitas sem a autorização dos proprietários dos terrenos, que parecem preferir ver crescer matas selvagens e ervas daninhas. Alguém sugeriu encontrar zonas do país onde as hortas urbanas existam e sejam encorajadas para usar o exemplo como pressão junto da câmara de Chelas.

Falou-se ainda da ideia de ressuscitar o projeto A lei em linguagem clara. Algumas referências sobre este projeto na TEDxTalk de Sandra Fisher-Martins, uma das autoras.

Apresentadas as ideias chegou a hora de votar com os pés, ou seja, ir para perto da pessoa que lançou uma ideia que te deixou entusiasmado. Voltamos a dividir-nos em grupos para desenvolver mais as ideias, pensar nas especificações — tempo e conhecimento mínimos para lançar uma versão 0.1 — e próximos passos a tomar.

Para finalizar a tarde voltámos ao círculo, para contarmos uns aos outros do que tínhamos estado a falar. Embora tivéssemos planeado pôr toda a gente a mexer e hackar em coisas concretas percebemos logo que, enquanto primeiro encontro, tínhamos de dar espaço para as pessoas conversarem e se conhecerem melhor. Ainda assim, o Eduardo e o João estavam empenhados e anunciaram os próximos passos: desenhar a interação do utilizador com o site e instalar uma wiki. As outras ideias mantiveram-se e a vontade de lhes dar seguimento foi reforçada.

E agora, quando é o próximo Transparência Hackday em Lisboa?
A conversa continua no fórum!

Quero ir!

Os nossos encontros são marcados ao segundo sábado de cada mês, no CRU Cowork.

Das 10:00 às 17:00, com pausa para almoço entre às 13:00 e as 14:00!

Temos internet, projetor, whiteboards e alguns comes e bebes. Traz o teu portátil e outros acessórios que possam dar jeito para hackarmos em conjunto.

Onde

CRU Cowork
Rua do Rosário 211
4050-524 Porto

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